terça-feira, 10 de agosto de 2010

Arquitetura e Cultura no RN.



No início foram os abrigos feitos de madeira retirada das matas pelo gentio, depois o barro socado, a uma trama de madeira e cipós. Era a taipa de sopapo trazida pelos colonizadores Portugueses que ergueram também a Fortaleza dos Reis Magos, a primeira manifestação arquitetônica do desejo e gênio humano nesta nação Potiguar, expressa através de um desenho que antevia o artefato arquitetônico a ser construído depois em pedra e cal.  
Assim, a partir do meio geográfico retiraram-se os materiais, fez-se o saber fazer através das técnicas de utilização e extração dos materiais disponíveis e produziram-se os artefatos que constituem parte do nosso Patrimônio Cultural.
Depois vieram as primeiras casas de morar que procuravam consolidar a posse Portuguesa do território através da construção desta Cidade Natal e a ocupação do sertão com as casas de fazenda que davam sustentação à criação do gado e os engenhos de cana de açúcar no agreste. Surgem as vilas e cidades que dão suporte econômico e administrativo a então colônia Portuguesa e erguem-se os edifícios de morar (casas), orar (igrejas), comprar (mercados), governar (casas de câmara e cadeia) e até de morrer (cemitérios).
Tempos depois a Cidade é moderna, a luz elétrica não vem mais com a lua cheia como dizia o poeta Jorge Fernandes, mas com a eletricidade de Paulo Afonso. A era da máquina estendeu as cidades até aonde o olhar não alcança, lançando a fumaça dos motores ao céu. A ponte já era de Igapó e o trem juntava o sertão ao porto na Ribeira, ao mar no Potengi, ao mundo.
A Arquitetura fez-se de concreto, vidro e aço. Da Rampa no Potengi ao Trampolim da Vitória lançava-se foguetes de uma Barreira do Inferno Parnamirim, era a casa de foguetes (Base Aeroespacial). E teve até pilares de uma ponte imaginaria.
Ruas, praças e edifícios, espaços do humano, paisagem urbana que fascina os poetas, signos do viver. Varandas esquecidas nesta esquina do continente, onde o olhar não mais trespassa a ombreira das janelas, morrendo vesgo na solidão guardiã de uma guarita de condomínio. Arquiteturas construídas entre muros, paredes e esquinas de ângulos que se abrem e até se fecham em praças e jardins, revelando cheiros, memórias, tipos e costumes humanos sob o sol, sobre as pedras e dunas, aos ventos de mar e sal deste Rio Grande.
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Haroldo Maranhão – Arquiteto e Urbanista.

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